quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Crise no Oriente Médio: o Papa pede a libertação imediata dos reféns


(FONTE: VATICAN NEWS)

Durante a audiência geral desta quarta-feira, 11 de outubro, Francisco disse que continua a acompanhar "com dor e apreensão o que está acontecendo em Israel e na Palestina" e, diante de tantas pessoas mortas e outras feridas, exortou: "a violência e a vingança e só fazem sofrer uns aos outros".

"Continuo acompanhando com dor e apreensão o que está acontecendo em Israel e na Palestina: tantas pessoas mortas, outras feridas", foram as palavra do Papa Francisco, na Praça São Pedro, ao final da audiência geral desta quarta-feira, 11 de outubro, diante do triste cenário da região que está experimentando o ressurgimento cruel de conflitos e guerra. 

“O Oriente Médio não precisa de guerra, mas de paz, uma paz construída sobre a justiça, o diálogo e a coragem da fraternidade.”

O Pontífice afirmou rezar "pelas famílias que viram um dia de comemoração se transformar em um dia de luto". E acrescentou um pedido: "a libertação imediata dos reféns".

O terrorismo e o extremismo não ajudam ninguém

"Aqueles que estão sendo atacados têm o direito de se defender, mas estou muito preocupado com o cerco total sob o qual os palestinos vivem em Gaza, onde também houve muitas vítimas inocentes. O terrorismo e o extremismo não ajudam a chegar a uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos, mas alimentam o ódio, a violência e a vingança e só fazem com que os outros sofram", exortou Francisco ao expressar sua preocupação também é com os que vivem na Faixa de Gaza.

Pelo menos quarenta crianças mortas em kibbutz

E enquanto o Santo Padre recorda os conflitos e pede orações pela paz, as notícias de morte e destruição continuam a chegar de Israel e da Palestina. Israel afirma ter encontrado pelo menos 40 crianças assassinadas entre as cerca de 200 pessoas massacradas no kibbutz de Kfar Aza. O Estado judeu contabiliza pelo menos 1.200 mortos e 2.700 feridos desde a agressão do Hamas e está preparando "uma ofensiva total" em Gaza. 300.000 soldados estão posicionados na fronteira. Hoje está agendada uma reunião entre Netanyahu e Gantz para a formação de um governo de unidade nacional. Foram registrados graves danos na sede da agência da ONU para os refugiados palestinos em Gaza. O exército israelense disse que realizou 70 ataques aéreos na área de Daraj Tuffah e atingiu alvos navais do Hamas na Faixa.

Trinta pessoas foram mortas em ataques na Faixa de Gaza durante a noite

Durante a noite, 450 alvos do Hamas e de outras facções palestinas foram atingidos. Somente em Beit Hanoun - disse o porta-voz militar - 80 alvos foram atingidos no norte, incluindo dois bancos usados pelo Hamas, um túnel e dois centros de operações. Pelo menos 30 pessoas morreram durante a noite como resultado dos ataques israelenses em Gaza, segundo o Hamas, citado pela mídia. Um total de 950 pessoas morreram em Gaza em decorrência dos ataques israelenses, e cerca de 5.000 ficaram feridas. Isso foi relatado pelo Ministério da Saúde do Hamas na Faixa de Gaza.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Sínodo: 'não o dinheiro, mas a abundância de carismas que são a riqueza da Igreja'

 Fonte: Vatican News

Durante a Quarta Congregação Geral na Sala Paulo VI, a Professora Anna Rowlands falou sobre o aspecto da comunhão: é a maneira como entendemos o plano final de Deus para a humanidade. Quatro contagiantes testemunhos de vida em vários continentes mostraram o poder da sinodalidade, que deve se tornar "não um momento, mas a prática da Igreja".



A comunhão é a primeira e a última palavra no processo sinodal, a origem e o significado de caminhar juntos. Foi o que disse Anna Rowlands, professora de Doutrina Social da Igreja na Universidade de Durham, na Grã-Bretanha, esta manhã, durante a 4ª Congregação Geral. A professora ofereceu aos participantes do Sínodo sobre Sinodalidade percepções teológicas para abordar a reflexão sobre o tema "Uma comunhão que irradia. Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do gênero humano?", foco do módulo B1 do Instrumentum laboris, o instrumento de trabalho que direciona os principais temas da assembleia.


A riqueza da Igreja é a abundância de carismas


Viver a comunhão requer coragem: "a coragem de encarar a realidade como ela é de fato".  "A riqueza da Igreja não é o dinheiro, mas a abundância de dons, carismas e graças que Deus derrama e distribui na comunidade dos fiéis e que somos chamados a discernir", todos os batizados colocam "suas mãos nesse 'cofre' comum". A comunhão é, portanto, de acordo com Anna Rowlands, "nosso fazer e ser", "a maneira como entendemos o plano final de Deus para toda a humanidade" para renovar a face da terra.




Comunhão, uma beleza não mundana

A beleza da diversidade na unidade descreve a comunhão, de acordo com a palestrante: "em um mundo moderno que tende tanto à homogeneidade quanto à fragmentação, a comunhão é uma linguagem de beleza, uma harmonia de unidade e pluralidade".

A humildade e o serviço caracterizam a comunhão de acordo com Rowland, em uma lógica oposta à do mundo, segundo a qual o poder da competição e da posse prevalece sobre o relacionamento: "Deus nos atrai para uma comunhão de humildade e serviço. A Trindade, de fato, irradia uma comunhão não competitiva e cada pessoa na Igreja é chamada a buscar essa beleza não mundana".

O banquete da comunhão

Os participantes do Sínodo são, portanto, convidados a refletir com os vulneráveis, os que sofrem, os fracos, e o sobre a vulneravilidade na Igreja: em outras palavras, sobre "como nos tornarmos mais próximos dos mais pobres, mais capazes de acompanhar todos os batizados em uma variedade de situações humanas". O drama da condição humana é onde a Igreja nasce e vive, explicou a professora da Universidade de Durham. Como em um banquete, Deus nos convida a 'provar e ver, tomar e comer', Ele apela aos nossos sentidos: é de fato na Eucaristia que as várias dimensões da comunhão se reúnem. "A descrição bíblica do banquete é uma imagem que subverte o que é percebido como a ordem natural das coisas. No banquete, aqueles que não têm poder, os desprezados e os sofredores serão os primeiros' por causa da proximidade de Deus".

Sempre há mais verdades a serem conhecidas

A esse respeito, a professora Rowlands citou dois exemplos concretos de vida: ela contou sobre uma sobrevivente de abuso por um padre que lhe escreveu na véspera do Sínodo para "não ter medo de insistir na necessidade de cura" porque "é a Eucaristia que salva". Em segundo lugar, ela compartilhou sua experiência em um centro de acolhida ligado à Igreja Católica em Londres, onde, ao contrário de outros centros, os refugiados lhe confidenciaram que se sentiam acolhidos porque eram chamados pelo nome. O convite não é para excluir ninguém: "acolher a verdade significa que sempre há mais verdade a ser conhecida", ressaltou.




Os testemunhos

O discurso de Anna Rowlands foi seguido, após uma pausa para silêncio, por quatro testemunhos. Em sinal de esperança foi o discurso de Sônia Gomes de Oliveira, do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, que compartilhou com a assembleia sua experiência como assistente social entre os últimos e a alegria de viver o processo sinodal na Igreja de seu país: "muitos leigos descobriram que são corresponsáveis pela missão da Igreja", disse ela. "A sinodalidade", continuou, "a partir de agora não deve ser apenas um momento, mas uma práxis da Igreja, devemos ser a presença de Jesus, abertos a ouvir e acolher" em lugares de dor e sofrimento, mesmo naqueles que não podemos alcançar, entre as pessoas que deixaram a Igreja e têm corações feridos: entre as mulheres vítimas de violência e preconceito, como entre os pobres e indígenas".

Sinal de esperança entre os últimos

Sônia contou então como se aproximou de uma prostituta para envolvê-la no processo sinodal. A mulher, depois de superar a desconfiança inicial, respondeu: "agora eu entendo, a Igreja e o Papa Francisco querem saber como eu estou e o que penso sobre a presença da Igreja. Vou falar, talvez algo mude". O mesmo aconteceu com um prisioneiro que, no final da reunião, pediu um terço de Nossa Senhora, "Mãe que não abandona": "Talvez eu não saia da prisão", disse o homem, "mas vocês aí fora podem ajudar minha família".

A intervenção do delegado fraterno

Imediatamente depois, um dos delegados fraternos, Job Getcha, Metropolita da Pisídia, do Patriarcado Ecumênico, copresidente da Comissão Internacional Conjunta para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, tomou a palavra. Ele destacou as diferenças na interpretação ortodoxa do conceito de "sinodalidade". O sínodo para a Igreja Ortodoxa, disse ele, "é uma reunião deliberativa de bispos, não uma assembleia consultiva do clero e dos leigos", na qual a "concordância reflete o mistério trinitário da vida divina". O metropolita citou então algumas circunstâncias históricas nas quais a Igreja Ortodoxa envolveu o clero e os leigos no processo sinodal.

Vozes da Ásia

Sobre oo diálogo inter-religioso, o testemunho do padre malaio Clarence Davedassan, da Ásia, um continente de 4 bilhões de pessoas, das quais apenas 3,31% são católicas. "a ênfase asiática em ser relacional - com Deus, consigo mesmo, com outros seres humanos e com o cosmos - é característica", observou ele, "de uma Igreja sinodal e leva à unidade da família humana e à unidade dos povos da Ásia". "A Igreja", continuou, "não é uma minoria insignificante, mas em muitos lugares está a serviço do desenvolvimento humano integral e do bem comum", buscando difundir a mensagem do Evangelho apesar dos desafios. "O diálogo ad intra e ad extra", explicou, alertando contra o risco de autorreferencialidade, "é uma característica da Igreja na Ásia que está enfrentando os desafios de construir pontes e um clima crescente de intolerância religiosa e social".

Também da Ásia, o discurso de Siu Wai Vanessa Cheng ressoou no salão. Ouvir significa "respeito", enfatizou ela, lembrando a necessidade de dar atenção àqueles que permanecem em silêncio por medo de não serem aceitos ou de serem considerados desrespeitosos com a autoridade. "A sinodalidade traz esperança para as pessoas", prosseguiu, citando o exemplo da Igreja em Hong Kong, ajudada pelo processo sinodal a recomeçar após dois anos de agitação social.

domingo, 8 de outubro de 2023

O Papa: parem as armas, o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução


 Nas palavras de Francisco após o Angelus deste domingo, a sua dor pelo que está ocorrendo em Israel. A sua oração é pelas famílias das vítimas e por aqueles que vivem horas de terror e angústia. “Haja paz em Israel e na Palestina!”, o seu apelo, porque “toda guerra é uma derrota”. Dirigindo o seu pensamento a todos os países em conflito, recorda a “martirizada” Ucrânia “que todos os dias sofre tanto”.

FONTE: Vatican News

“A guerra é uma derrota: toda guerra é uma derrota! Rezemos pela paz em Israel e na Palestina!”

Após a oração mariana deste primeiro domingo de outubro, o Papa Francisco expressou a sua apreensão e a dor com que acompanha o que está ocorrendo em Israel onde, afirma, “a violência explodiu ainda mais ferozmente, causando centenas de mortos e feridos”.

"Expresso a minha proximidade às famílias das vítimas, rezo por elas e por todos aqueles que vivem horas de terror e angústia. Por favor, parem com os ataques e as armas! e se compreenda que o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, mas apenas à morte e ao sofrimento de muitas pessoas inocentes".

Invoquemos a paz sobre os muitos países marcados por conflitos


Depois do Angelus, o Pontífice recorda também que este mês de outubro é dedicado, além das missões, à oração do Terço. Precisamente a Maria o Papa pede para nos dirigirmos a ela, sem parar:

"Não nos cansemos de invocar, por intercessão de Maria, o dom da paz sobre os numerosos países do mundo marcados por guerras e conflitos; e continuemos a recordar a querida Ucrânia, que todos os dias sofre tanto, tão martirizada".

O apelo do Patriarcado de Jerusalém à comunidade internacional


Numa nota publicada no site do Patriarcado Latino de Jerusalém lemos que a improvisa explosão de violência “é muito preocupante pela sua extensão e intensidade. A operação lançada a partir de Gaza e a reação do exército israelense estão a levar-nos de volta aos piores períodos da nossa história recente. As demasiadas vítimas e demasiadas tragédias que as famílias palestinas e israelenses têm de enfrentar criarão ainda mais ódio e divisão e destruirão cada vez mais qualquer perspectiva de estabilidade”. Daí o apelo à comunidade internacional, aos líderes religiosos da região e do mundo, para “fazerem todos os esforços para ajudar a acalmar a situação, restaurar a calma e trabalhar para garantir os direitos fundamentais das pessoas na região”. Acrescenta-se também que "as declarações unilaterais relativas ao status dos locais religiosos e dos locais de culto fazem vacilar o sentimento religioso e alimentam ainda mais o ódio e o extremismo. É, portanto, importante preservar o Status Quo em todos os Lugares Santos na Terra Santa e em Jerusalém em particular". A nota conclui: “o contínuo derramamento de sangue e as declarações de guerra lembram-nos mais uma vez da necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e abrangente para o conflito palestino-israelense nesta terra, que é chamada a ser uma terra de justiça, paz e reconciliação entre os povos. Pedimos a Deus que inspire os líderes mundiais na sua intervenção para a implementação da paz e da concórdia, para que Jerusalém seja uma casa de oração para todos os povos".

Depois do longo dia de ontem, 7 de Outubro, que encerrou as festividades judaicas de Sucot - quando, às primeiras luzes da madrugada, milhares de foguetes começaram a cair de Gaza sobre Israel, apanhados completamente de surpresa - os lançamentos de mísseis e os ataques terrestres continuam a se verificarem a partir da fronteira sul de Israel. Tel Aviv e Jerusalém foram atingidas. As vítimas israelenses seriam mais de 500, 1.400 os feridos. O Ministério da Saúde de Gaza relata 250 palestinos mortos e 1.700 feridos.